quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

1- A Estrada de Ferro Central do Brasil - Histórico



Vários são os elementos formadores da antiga Estrada de Ferro Dom Pedro II - E.F.D.P.II, posteriormente (a partir de 1889) Estrada de Ferro Central do Brasil - E.F.C.B. Sua história tem início efetivamente no ano de 1855, com a fundação da COMPANHIA DE ESTRADA DE FERRO DOM PEDRO II, sob a direção de CHRISTIANO BENEDICTO OTTONI, no Governo Imperial de Dom Pedro II.

A COMPANHIA propunha a fundação de uma Estrada de Ferro que atravessasse os municípios próximoas à Côrte, atual cidade do Rio de Janeiro - RJ e alcanssasse, em seguida, o Vale do Rio Paraíba do Sul e depois, a Província de São Paulo, na localidade anteriormente denominada Porto Cachoeira, atualmente, Cachoeira Paulista. Com o objetivo de se alcansar, também, a Província de Minas Gerais, prosseguiu pelo Vale do Rio das Velhas, em direção ao Rio São Francisco, onde faria entroncamento com o sistema fluvial, ligando o Sul ao Norte do Império.

A construção fora iniciada no dia 11 de julho de 1855 e após três anos, no histórico dia 29 de maio de 1858, era inaugurada, em bitola larga (1,60 m), o trecho até a vila de Queimados, partindo-se da Estação Ferroviária Dom Pedro II, no Rio de Janeiro - RJ. Assim, fora iniciada a famosa Linha do Centro, linha principal da E.F.Central do Brasil.

A extrema necessidade da construção da E.F.Dom Pedro II se fez na medida em que o Brasil necessitava escoar a produção agrícola, especialmente o café, das grandes fazendas cafeicultoras, produtos destinados à exportação e igualmente ao abastecimento interno, contribuindo, dessa forma, com a economia do país e atendendo aos interesses dos grandes fazendeiros cafeicultores na região do Vale do Paraíba e assim, transportar a produção para exportação, através de um transporte rápido e eficiente (RODRIGUES, 2004).


No mesmo ano de 1858, iniciou-se a subida da Serra do Mar. O tráfego até a cidade de Rodeio, atualmente, Paulo de Frontin, foi concluído no dia 12 de julho de 1863, sendo que o Vale do Paraíba é atingido um ano depois, em 1864, com a chegada do primeiro trem de passageiros à Barra do Piraí - RJ, no mesmo ano. De Barra do Piraí - RJ até São Paulo - SP, é construído o ramal de São Paulo em bitola larga.

É de extrema importância destacar, aqui, a célebre frase de Christiano Benedicto Ottoni:

"Eu não construo Estrada para o Brasil de hoje, mas para o Brasil do futuro. Não podemos dividir os trens. É preciso que os trens que correm na baixada galguem a Serra para correr no planalto, senão, não haverá desenvolvimento econômico possível para as províncias de Minas e de São Paulo."


A famosa Linha do Centro seguia, pelo curso do Rio Paraíba, em direção à Entre Rios, atualmente Três Rios - RJ e de lá, com destino ao Sertão das Minas Gerais. No ano de 1865 a ferrovia já possuia 133 quilômetros de extensão, atingindo, desta forma, Desengano, atual Barão de Juparanã, que faz parte do município de Valença.

A partir da cidade de Entre Rios (Três Rios), a construção seguiria em direção do Rio das Velhas pelo Vale do Paraibuna, para alcançar Juiz de Fora - MG, a 275 km da Côrte.
A construção da Linha do Centro prosseguiu em bitola larga, passando por Santos Dummont em 1877 e em Barbacena em 1880 e depois para Queluz de Minas, atual Conselheiro Lafaiete - MG, terminando, alí, a bitola larga, avançando, posteriormente pelo Vale do Rio das Velhas em bitola métrica (1,00 m). A bitola larga foi, posteriormente prolongada até Joaquim Murtinho, onde havia uma bifurcação e de onde parte o ramal do rio Paraopeba em bitola larga, até Belo Horizonte. De Joaquim Murtinho ainda, parte da Linha do Centro se prolongou em bitola larga até Itabirito - MG.

O ramal de Ouro Preto, posteriormente, ramal de Ponte Nova, fora construído a partir da estação de Miguel Burnier, em 1887. Na cidade de Ponte Nova - MG, havia interligação da E.F.Central do Brasil com a E.F.Leopoldina, a partir de 1926. Os trilhos da E.F.Dom Pedro II atingiram General Carneiro, um bairro de Sabará em 1895, agora, no entanto, como Estrada de Ferro Central do Brasil. Dali partiu o ramal da Cidade de Minas, atual Belo Horizonte, então capital de Minas Gerais.

Um fato de extrema importância que, aliás, é parte fundamental da história da E.F.Central do Brasil em Minas Gerais, tema proposto pelo blog; dali parte o famoso ramal de Nova Era, anteriormente, ramal de Santa Bárbara. A cidade de São José da Lagoa, posteriormente Presidente Vargas e atualmente Nova Era, foi atingida pela E.F.Central do Brasil no ano de 1936, fazendo ligação com a E.F.Vitória a Minas.

O antigo ramal de Nova Era fora iniciado por uma antiga ferrovia de capital estrangeiro que no ano de 1898 denominava-se Estrada de Ferro Espirito Santo a Minas - E.F.E.S.M cujo propósito, naturalmente, era atingir o Estado do Espirito Santo, daí o seu nome. Em 1908 esta ferrovia, segundo alguns pesquisadores, de capital inglês, era denominada Estrada de Ferro Sabará a Santa Bárbara, tendo sido encampada pela Central do Brasil no mesmo ano, 1908.

Recorro, aqui, às palavras do amigo Ralph Mennucci:

"O ramal de São José da Lagoa foi construído por uma tal Companhia Estrada de Ferro Espirito Santo a Minas, que em 1908 se chamava "Estrada de Ferro Sabará a Santa Bárbara". A Central não menciona a encampação em seus relatórios, fato ocorrido algum tempo depois, quando o ramal passou a ser chamado de Ramal de Santa Bárbara e depois de Ramal de Nova Era, seu ponto final mas também ponto de ligação com a E. F. Vitória a Minas, a partir de 1936".

Relato disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_ramais/novaera.htm

Segundo Ralph Mennucci, documentos históricos de expressivo valor falam de materiais rodantes, locomotivas a vapor na região de Sabará em 1908, contendo as inscrições E.F.S.S.B em seu tender.
A Estação de Santa Bárbara - MG, fora construída pela Central do Brasil em 1912, segundo alguns pesquisadores.

Retornando ao assunto anterior, em 1896, os trilhos da Central do Brasil atingiram a cidade de Sete Lagoas - MG; em 1905 em Curvelo e em 1906, em Corinto. A partir da cidade de Corinto, foi lançado o ramal de Pirapora, partindo-se de Corinto, passando por Lassance, atravessando o Rio São Francisco pela famosíssima ponte e saindo do outro lado, em Buritizeiro. Ainda de Corinto, a Linha do Centro em bitola métrica prosseguiu até Montes Claros, onde chegou em 1926.
Os trilhos da E.F.Central do Brasil atingem a cidade de Monte Azul em 1948 (segundo outras fontes de pesquisa, em 1947), ponto final da Linha do Centro e ponto de ligação com a Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro - VFFLB, através da qual, os passageiros iam até Salvador - BA.

No ano de 1957, a 16 de março, fora fundada sob Lei Federal Nº 3115, a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anònima - RFFSA que incorporou a E.F.Central do Brasil e todo o seu patrimônio ferroviário. A partir do ano de 1969, a E.F.Central do Brasil tornou-se a Sexta Divisão Operacional Central da RFFSA, deixando de existir, assim, como ferrovia co-ligada à RFFSA, até ser extinta em 1975.

Referências bibliográficas

BUZELIN, José Emílio de Castro; COELHO, Eduardo José de Jesus; SETTI, João Bosco. MRS LOGÍSTICA S.A: A Ferrovia de Minas, Rio e São Paulo. SOCIEDADE DE PESQUISA PARA MEMÓRIA DO TREM - 2002.

BUZELIN, José Emílio de Castro; COELHO, Eduardo José de Jesus; SETTI, João Bosco. FERROVIA CENTRO ATLÂNTICA: Uma Ferrovia e Suas Raízes. SOCIEDADE DE PESQUISA PARA MEMÓRIA DO TREM - 2001.

RODRIGUES, Helio Suêvo. A FORMAÇÃO DAS ESTRADAS DE FERRO NO RIO DE JANEIRO: O Resgate de sua Memória. SOCIEDADE DE PESQUISA PARA MEMÓRIA DO TREM - pág. 20 - 2004.



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